BATIDINHA DOS ÔNIBUS DA ÚNICA

São Paulo, 1º de agosto de 2009 - 11:00

Quando Papai chegava do Rio no verão e ainda era claro (não tinha horário de verão na época), a gente ficava esperando o ônibus dele.

Algumas vezes nos horários de mais procura, a Única colocava um 2o. Carro. E eles costumava andar juntos.

Numa destas tardes a gente estava no portão e o Única começou a reduzir a velocidade. Relembro que a estrada fazia curva no Quisissana.

Parou e o Papai saltou. Ele nunca atravessava, é óbvio, pela frente do ônibus. A porta do ônibus fechou e a cena que vi foi a de um segundo Única se aproximando e o motorista olhando para outro lugar. Ainda bem que ele vinha subindo e era íngreme. Quando viu mal teve tempo de pisar o freio e bateu na traseira do que ainda estava parado. Não foi uma batida forte mas teria sido suficientemente perigosa se Papai ainda estivesse descendo do ônibus. Tudo resolvido, depois que os ônibus saíram eu fui lá e peguei pedaços da tinta branca do ônibus que se soltaram na batida. Guardei por um bom tempo! Daí pra frente Papai sempre pedia a eles para pararem um pouco mais para a frente!

 

 A COMPRA DE ITAIPAVA

São Paulo, 1º de agosto de 2009 - 11:10 

Outra época em que passeamos bastante foi quando da procura do sítio em Itaipava. O Quisissana tinha um tempo muito fechado, quase sempre chovia. Ele resolveu ir para um lugar mais seco. Vimos vários lugares mas ele se encantou com o sítio. Me lembro de Papai sempre cuidando do sítio. Seja fazendo uma baia para o cavalo, seja plantando árvores que trazia das viagens dele com muito cuidado. Era um lugar onde ele e Mamãe se sentiam felizes. Aos poucos foi deixando o sítio lindo. Conhecia os comerciantes da região. No resto do tempo, depois de ler o sagrado jornal, lia seus "pocket-books". Ou seja, nunca vi Papai fazendo nada. No mínimo lia.

 

CHOPP, O BEAGLE

São Paulo, 1º de agosto de 2009 - 17:30 - nesta hora todos estão no Rio comemorando o aniversário da Mamãe.

Tivemos vários cãezinhos, mas o que foi mais companheiro dele foi o Chopp.

Este era um Beagle muito bonitinho e bem comportado que logo o aceitou como dono. Ficava sempre junto do Papai e começou a ter lugar no sofá e nos passeios em volta do quarteirão.

Acho que fez bem a ele. Quando o Chopp morreu ele não quis mais ter cão.

 

TIO JORGE

São Paulo, 1º de agosto de 2009 - 18:00.

Ambos se davam muito bem. Volta e meia Papai ia à casa do Tio Jorge, meu padrinho, e lá ficávamos enquanto os dois conversavam. Às vezes o Tio Jorge subia lá num depósito que tinha no morro, onde ele guardava os cavalinhos de chumbo, e fazia uma corrida. Papai, nós todos lá, apostávamos. Mais tarde Tio Jorge nos seu tudo aquilo e me lembro de ter tido dezenas de cavalinhos, alguns dos quais voavam naquela pista verde com som de matraca.

Papai gostava muito dele. Quando falavam devia ser de negócios. Sempre era no escritório do Tio Jorge que tinha uma escrivaninha daquelas que a tampa abre como porta de garage de aço, mas de madeira e curva.

Ficava de roupão e fumava cigarros sem acender. Vivia mascando cigarros.

Quando a gente chegava ele dava um bruto abraço, nos beijava e adorava morder os nossos lóbulos das orelhas! Numa destas vezes ele me pegou mais rápido e a cadeira, que tinha molas, caiu para trás comigo, Tio Jorge e tudo. Papai riu demais!

 

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                     PAPAI CARLOS