OS VIZINHOS

São Paulo, 11.08.2009 9:20

Com os vizinhos também mantinha bom relacionamento. Também pudera, a gente devia fazer uma barulheira danada...

O Pockstaller raramente vinha em casa, a Dona Mercedes vinha mais. Mas os filhos brincavam sempre. A Mercedinha gostava do Mario e os irmãos Dudu? e Max brincavam também. Max era pequenininho na época a que me refiro.

Numa época tivemos na casa que futuramente seria do Domício Veloso a presença de um casal americano com três filhas; Julie, Marcia e Marianne. De vez em quando elas estavam lá em casa e Papai aproveitava para falar em Inglês. Gostava muito de usar o Inglês sempre que podia.

Depois veio o Domício Veloso e eles também se davam. De vez em quando saíam para andar em volta do quarteirão.

Muito simpáticos também os vizinhos da frente, o Dorival Ramos, corretor de imóveis. Seus filhos sempre foram exemplares. Dorivalzinho, Cilinha e Zilá. Papai conversava mais com o Dorival.

TEMPERAMENTO DELE

São Paulo, 11.08.2009 9:40

Habitualemente Papai demonstrava pouca emoção.

O episódio mais marcante para mim foi quando morreu a Vovó Carlota. Até então não tínhamos tido nenhuma morte na família e Vovó Carlota era não só minha madrinha mas era queridíssima por todos.

A Vovó Marieta, ao contrário, por causa da disciplina rígida que impunha em seu apartamento e gente ia lá mas não gostava muito. Para começar a gente não brincava de nada. Ela não tinha muita habilidade em lidar com crianças,o oposto da Carlotinha.

Pois bem, num dia de manhã estava a maior pancadaria amiga no quatro. Até o Estevão estava nessa. Travesseiros para lá, lençóis para cá... Lençóis porque subíamos no armário e pulávamos na cama usando o lençol como um pára-quedas que, naturalmente, não parava queda nenhuma.

De repente Papai abre a porta. Estevão e eu estávamos em cima do armário. Como o Papai estava sério, pensamos que fosse sobrar umas palmadas para quem ele conseguisse apanhar. Resultado, instantaneamente nós dois, nesta hora sentados em cima do armário, encostamos na parede rapidamente.

Com isso o armário caiu para a frente e nós dois deslizamos por trás dele.

Papai esperou cair tudo e falou sério e assim, direto: "Façam pouco barulho. Sua Mãe está triste. Sua Avó morreu!" 

Só deu para a gente perguntar: "Qual Avó?" - Ao que ele respondeu "Carlota". E nós falámos: "Que pena!" - no fundo queríamos que, se tivesse de morrer uma, que fosse a Marieta. Acho que Papai nem interpretou assim.

MAIS curioso ainda era como ele se relacionava com Mamãe. Os dois se beijarem na nossa frente - eu digo aquele beijo mais quente - nunca aconteceu. O mais que a gente conseguia nas datas festivas era que eles se beijassem na nossa frente após todos estimularem: " Beija! Beija!"  Aí ele e Mamãe esboçavam um sorriso tímido e se beijavam sob nossos aplausos.

Ele também não se importava com as nossas "obras" na casa. Fios daqui para ali e o mais comum: um furo de comunicação entre o quarto do Mario e do meu. Por ali conversávamos. E ali também criávamos armadilhas para os irmãos menores (pobre Pedrinho e pobre Jororô). A gente cavava mais um pouco e o furo ficava cheio de areia. Aí pedíamos que um dos dois olhasse pelo furo... fuff .. soprávamos no olho!

Ele punha a mão na massa. Consertava alguma coisa que désse. A unha de um dos polegares dele era toda ondulada porque deu uma senhora martelada naquele dedo. Mas ele serrava, pintava etc...

Sempre mantinha um humor discreto. Mais recentemente Mario e ele me apanharam cheirando o prato. Muito bem feita a armadilha. Era um almoço festivo e o Mario, sabendo de um hábito meu de cheirar a comida em caso de qualquer suspeita, deixou escapar assim como um comentário feito para outro, que alguma coisa no prato estava estranha. Nesta hora eu estava falando com alguém mas institivamente ao ouvir isto, fui com o nariz para o prato. O súbito silêncio que aconteceu me fez suspeitar de algo e em fração de segundo consegui levantar os olhos e ver todos olhando para mim... e a implacável mão do Papai espremeu minha cabeça no prato! Ele bem que riu. Ou seja, tendo oportunidade ele brincava!

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TIO BATISTA E TIO ZECA

São Paulo, 11.08.2009 9:00

Ele também se dava bem com o Tio Batista e com o Tio Zeca. Era o Batista e o Zequinha.

Nunca vi nenhum deles brigar, levantar a voz ou coisa parecida. Papai até gostava que o Tchuba nos levasse a passear. Só tenho boas recordações dos tempos em que eles estavam juntos...

 

                     PAPAI CARLOS