A Praia da saudade
e a Praia Vermelha
A primeira ocupação da Praia Vermelha, por sua localização,
voltou-se para a defesa militar. Assim, logo no início do século
XVIII, foi construído um forte para guarnecer aquela praia e a entrada
da baía de Guanabara.
A partir de 1856, instalam-se, sucessivamente, na Praia Vermelha, o
Batalhão de Engenheiros e a Escola Militar e de Aplicação,
que constrói, em 1860, no antigo forte, uma grande edificação
entre os morros da Urca e da Babilônia.
Em 1908, a Escola Militar cede suas instalações para a
Exposição Nacional. Na segunda década do século,
o Exército volta a utilizá-las como Escola do Estado-Maior.
A seguir, ali se instala o 3º Regimento de Infantaria, destruído
durante a Intentona Comunista de novembro de 1935.
Finalmente, em 1938, a cidade e seus habitantes têm a Praia Vermelha
para uso civil, com a abertura da Praça General Tibúrcio.
Já o atual prédio da Universidade Federal do Rio de
Janeiro teve, antes, apenas uma função: a de hospício.
A partir de 1840, a Santa Casa começa a pensar em transferir
do centro da cidade o seu hospício de alienados. O majestoso prédio
em estilo neoclássico foi finalmente inaugurado em 1852, com a presença
do Imperador, recebendo o nome de Hospício Pedro II, assim mantido
até a Republica, quando passou a Hospício Nacional de Alienados.
Finalmente, em 1944, o Hospício é transferido da Avenida
Pasteur, instalando-se, no edifício, diversas faculdades e a Reitoria
da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro
- UFRJ.
Depois do hospício, foi instalado na praia Vermelha o Instituto
Benjamim Constant. No ano de 1872, o Imperador Pedro II ofereceu ao Imperial
Instituto dos Meninos Cegos, que funcionava no bairro da Saúde,
um terreno de sua propriedade, ao lado do Hospício.
O lançamento da pedra fundamental, em 1872, contou com a presença
da família imperial, mas a primeira metade da construção
só ficou pronta em 1896. Como curiosidade, lembramos que era diretor
do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, quando da obra, Benjamim Constant;
e Xavier Sigaud, que dá nome à rua ao lado, foi um médico
francês, primeiro diretor do Instituto.
Contemporâneo ao anterior é o edifício da Companhia
de Pesquisas de Recursos Minerais, que possui uma longa história
ligada à criação de uma universidade no país.
A partir do Império, foram elaborados muitos projetos para a criação
da Universidade do Brasil, nenhum dos quais posto em prática.
Mas em 1880, o engenheiro Paula Freitas projetou um conjunto de prédios
para a primeira universidade brasileira, com o nome de Pedro II e localizado
na Praia Vermelha. Entre eles, o ediffcio destinado à administração,
que denominou Curatorium, e que é, com pequenas modificações,
a atual Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais - CPRM.
Como sempre, o Imperador esteve presente ao lançamento
da pedra fundamental, em 1881. Mas esse fato também
como sempre, não motivou o término da obra, logo
paralisada por falta de recursos financeiros. No início
da República reiniciaram-se as obras, não mais
para abrigar a Universidade mas sim a Escola Superior de Guerra.
No entanto isso não foi motivo suficiente para concluir
a construção, o que só ocorreu em 1908,
devido à escolha da Praia Vermelha para sediar a Exposição
Nacional, servindo o prédio de Pavilhão dos Estados.
Depois da Exposição, o governo federal resolve
instalar no local a Secretaria de Estado dos Negócios
da Agricultura, Indústria e Comércio, da qual
fazia parte, entre outras, a Diretoria do Serviço Geológico
e Mineralógico, que vem a ser a origem do Departamento
Nacional de Produção Mineral, em 1950, e da
subsequente
e atual Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais, criada
em 1970. Esta última, como companhia de economia mista,
vem a ser mais uma das diversas empresas estatais que surgiram
na virada dos anos 60 para 70. Em 1973, o prédio da
Companhia sofreu um incêndio que destruiu uma parte interna,
onde se instalava uma das mais importantes bibliotecas do mundo
especializada em Geologia. Como parte da ideia inicial
de uso universitário para o local, não se deve deixar de
mencionar que ali funcionou a Escola Nacional de Agronomia e Veterinária,
de 1922 até 1950, quando então se mudou para o campus do
km 47 da antiga Estrada Rio-São Paulo.
A partir de 1900, a Ferro Carril Jardim Botânico, empresa que
detinha a concessão das linhas de bonde para a Zona Sul da Cidade,
usou o terreno ao lado do futuro Pavilhão dos Estados para estação
de seus bondes, na linha da Praia Vermelha. E assim continuou com a Companhia
Light, quando esta comprou a Jardim Botânico, servindo de estação
para bondes bagageiros, até 1952, quando esse serviço foi
extinto.
Também no pequeno prédio ao lado, ainda hoje existente,
funcionou, a partir de 1933, a Faculdade de Odontologia da atual UFRJ.
E no terreno vazio, ao lado, esteve, desde 1918 até o início
da década de 70, a Faculdade de Medicina da UFRJ.
Da mesma forma que, desde a segunda metade do século
XIX, o governo imperial planejava erigir uma universidade no
que é hoje a Avenida Pasteur, o urbanista francês
Alfred Agache assim planejou. Agache foi contratado na gestão
de Prado Júnior (1926 - 1930) para elaborar um plano
de melhoramento e embelezamento do Rio de Janeiro. Segundo
o Plano, o campus universitário ficaria entre a Praia
Vermelha, a Avenida Pasteur e o morro da Babilônia. A
escolha recaiu ali porque era um "...local salubre e com
comunicações fáceis com o Centro". A Praia Vermelha,
propriamente, ficaria reservada para a prática de esportes,
inclusive os náuticos, e abrigaria um conjunto de habitações
para estudantes, formando um pavilhão para estudantes
de cada estado brasileiro, de forma semelhante à Cité
Uníversitaire de Paris.
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