O Hotel Balneário,
o Cassino e a TV Tupi
| O grande edifício construído nos anos 20 pela Empresa
da Urca, junto à praia e no ponto mais central do bairro, viria
a tornar o nome da Urca conhecido internacionalmente.
Novos e grandes hotéis |
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| foram surgindo fora do Centro. Nas praias do Russel e do
Flamengo os hotéis Glória e Central (este já demolido);
em Copacabana, o luxuoso Copacabana Palace Hotel; e na Urca, um bairro
criado pela valorização do solo à beira-mar, o Hotel
Balneário. Este nunca chegou a se tornar um grande hotel como os
demais; possuía apenas 34 aposentos e se tornou muito mais famoso
quando transformado em Cassino no ano de 1933. |
A proprietária do Hotel e sucessora da S.A. Empresa da Urca,
a Companhia Imobiliária e Construtora do Rio de Janeiro, foi transferindo
a maioria das ações ao empresário Joaquim Rolla. Este,
associado a Nicolas Ladamy, Abgar Renault, João Daher e outros,
fizeram o Cassino da Urca viver os "anos dourados" do jogo e da vida noturna
no Rio de Janeiro. No mesmo período, também ficaram famosos
o cassino do Copacabana Palace e o Cassino Atlântico no Posto 6.
Conforme se vê, o cassino reunia um complexo de diversões
para acompanhar as horas de lazer, ao lado da principal atividade que eram
os jogos de roleta e outros. Os shows apresentavam artistas nacionais e
internacionais
Aconteceu aí a extinção, por Lei, dos jogos de
azar.
Se aparentemente a extinção do jogo surpreendeu aos que
trabalhavam no Cassino, a opinião pública, ao contrário,
vinha há muito clamando contra o "funesto vício". Durante
todo o mês de abril, o jornal O Globo escreveu entre outras coisas
que a extinção daquele "flagelo" era um "imperativo urgente
do saneamento social".
A ditadura do Estado Novo de Vargas havia terminado há menos
de um ano. E tudo o que fosse ligado ao antigo regime precisava ser banido.
Os políticos e pessoas chegadas ao ex-presidente frequentavam
e gastavam dinheiro nos cassinos. Portanto o jogo estava ligado à
ditadura, através de favorecimentos diversos, e assim tornava-se
necessário voltar à decência pública. . .
Joaquim Rolla, que era proprietário, além da Urca, também
do Hotel Cassino Icaraí, em Niterói, e do Hotel Cassino Quitandinha
em Petrópolis, entre outros, perdia o direito a explorar os jogos
de azar, mas não os espetáculos e as boates. Isso porque
o decreto não criava obstáculos ao funcionamento das diversões.
Mas se a Urca e o Icaraí foram desativados, o mesmo não ocorreu
com o Quitandinha, que continuou como hotel. Aliáis, sobre o Quitandinha,
é importante registrar, como declara Carlos Machado, em suas memórias,
que Rolla pretendia construí-lo na Praia Vermelha, aumentando o
complexo de diversões na área da Urca.
Na Praia Vermelha funcionou também desde os anos 40, na casa onde
hoje se encontra o Círculo Militar o Bar Restaurante e Boite Praia
Vermelha, que anunciava possuir ar condicionado e exigia traje a rigor
aos sábados. Anos depois, o empresário da noite Carlos Machado
arrendou o local para montagem de grandes espetáculos, trocando
o nome da boate para Casablanca.
Ao mesmo tempo em que a Praia Vermelha era um reduto de diversões
noturnas nos anos 50, na casa construída sobre os remanescentes
da muralha do forte levantado no século XVIII, o prédio do
Cassino voltou a ser ocupado. Dessa vez pela maior novidade em comunicações,
lançada no Brasil em 1950: a televisão.
A TV Tupi, canal 6, dos Diários e Emissoras Associados, transferiu
seus estúdios do Centro para a Urca. No prédio do hotel e
cassino, realizou adaptações e no antigo palco de espetáculos
realizou programas musicais, como o famoso "Espetáculos Tonelux".
O auditório sediou programas como "O Céu é o Limite"
de J. Silvestre, ou os de calouros, animados por Ari Barroso ou Flávio
Cavalcanti. Finalmente, em julho de 1980, a TV Tupi foi tirada do
ar por ordem do governo federal que cassou a concessão.
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